quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Jornais impressos investem na cobertura em tempo real das eleições de 2010

Adriana Izel


Para não ficar atrás da televisão e do rádio na cobertura das eleições de 2010, os meios de comunicação impressa decidiram investir na internet. O Correio Braziliense e o Jornal de Brasília criaram editoriais especializadas e até hotsites para que o leitor possa ter um acompanhamento em tempo real da disputa.

Além disso, a medida se justifica porque as próprias campanhas eleitorais apostaram nessa ferramenta. Em parte porque, atualmente, o Brasil já possui quase 70 milhões de internautas, que passam três vezes mais tempo diante do computador do que da televisão. De acordo com a cientista política da Universidade de Brasília, Mariza Bulow, nesta eleição, a internet é um elemento muito mais importante do que em anos anteriores.

“As campanhas se dedicaram muito mais do que antes a ter gente especializada nas redes sociais, gente que pudesse organizar a campanha virtual. Acho que isso antes não era forte, dá para se dizer isso sem problemas. Tem também uma quantidade muito maior de e-mails sendo enviados, não necessariamente orquestrados pelas campanhas, mas pelos próprios militantes.”

Apesar disso, essa não é a primeira eleição acompanhada de fato pela internet. Segundo o editor do site correiobraziliense.com.br, Paulo Rossi, a disputa de dois anos atrás e também a de 2006 foram acompanhadas na web, mas de forma diferente. O crescimento tecnológico é apontado por Rossi como o grande diferencial.

“Mas não havia toda essa parafernália tecnológica que a gente tem hoje. Nessa cobertura de agora, nessas eleições, a gente fez videochat para debate, a gente teve tempo real, não só da eleição de Brasília, mas de todo o país, com dados do TSE e dos TRES. Então, a gente conseguiu no site do Correio Braziliense ter toda essa atualização em tempo real. E usamos muita coisa que não se usava nos anos anteriores.”

O editor do site Clica Brasília, Gustavo Torquato, explica que, desta vez, o jornal optou por utilizar um espaço do portal que ficou chamado de Clica Eleições, no lugar do hot site. A alimentação é feita com auxílio dos repórteres de política do Jornal de Brasília.

“A cobertura está sendo feita integrada com o jornal. Notícias de política local a gente faz uma cobertura junto com a editoria de política do Jornal de Brasília. Os repórteres saem para fazer apuração e saem para fazer matérias e a gente pega retorno com eles ou a gente puxa a matéria depois para colocar no Clica. No dia da votação, no primeiro turno, trabalhos com toda a equipe.”

Os editores concordam que com a internet há uma interação entre a informação e o internauta. O editor do site do Correio, Rossi, disse ainda que as eleições aumentaram o índice de acessos e de comentários nas páginas.

“No dia da eleição, pageviews, que aos domingos geralmente fica na base de 200 e poucos mil pageviews, com 50 mil visitantes únicos. No dia da eleição, chegou a quase 500 mil pageviews com 130 mil visitantes únicos. Ou seja, no dia da eleição você vê um aumento incrível da quantidade de pessoas procurando o site para se informar do que estava acontecendo.”

Ainda não se sabe se o resultado das eleições será influenciado pela internet, como aconteceu, em 2009, nos Estados Unidos com a vitória de Barack Obama. Resta aos estudiosos, políticos e eleitores esperarem o resultado da eleição.

Paulo Rossi é editor do site do Correio Braziliense;
Gustavo Torquato é editor do site Clica Brasília;
Mariza Bulow é cientista política da Universidade de Brasília.

Créditos: Pricilla Beine e Renata Rios

Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer, diz especialista


Pricilla Beine

Em diversos países a internet vem se tornando uma ferramenta capaz de modificar o destino dos países nas eleições. O caso mais conhecido aconteceu nos EUA, nas eleições que elegeram Barack Obama como presidente. No Brasil, especialistas concordam que ainda falta engajamento para alcançar o mesmo resultado.

Segundo a Gestora de Mídias Sociais Isabella Meneses, a forma como os brasileiros utilizam as redes sociais é diferente da forma como os norte americanos as utilizam. Ela explica que, no Brasil, a rede ainda está ligada ao lazer e não tanto às questões mais sérias. “Apesar disso, acredito que, se houver um trabalho sério da parte dos políticos, poderemos ver cada vez mais eleitores conquistados pela web”, diz Isabella.

Isabella explica ainda que nas ultimas eleições já houve uma preparação intensa dos candidatos. “As assessorias e as equipes ligadas à campanha online fizeram um trabalho de conscientização para seus cientes, eu estão prestando mais atenção aos eleitores que podem engajar através da internet”, esclarece. Mas também existem problemas capazes de dificultar o processo – se mal usadas, as mensagens enviadas podem ser vistas como spam, prática repudiada pela maioria dos internautas.

Já as vantagens são inúmeras: da interação com os eleitores de forma rápida até a extensão do tempo do horário eleitoral – o que é importante para candidatos com pouca presença, como foi o caso de Plínio de Arruda Sampaio, que ganhou a simpatia de muitos no Twitter.

O caminho a ser percorrido ainda é longo. Segundo a gestora, alguns candidatos ainda não estavam preparados para a interação com os eleitores e alguns eleitores perceberam a presença dos candidatos na rede como invasiva, o que dificultou todo o processo e o diálogo. “Esperamos que, para a próxima eleição, as pessoas entendam que os políticos precisam desse espaço para conversar e mostrar mais de suas realidades e propostas”, diz Isabella.

Isabella Meneses é Gestora em Mídias Sociais.

Twitter: @bellameneses

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Os partidos precisam se pronunciar, passar seu posicionamento com ética e respeito aos usuários das redes sociais, diz especialista

Pricilla Beine

A interação entre candidatos e eleitores foi a principal mudança durante as eleições 2010. Ações voltadas especificamente para usuários de redes sociais ganharam atenção de especialistas, que afirmam ser apenas o começo de uma revolução na forma de fazer campanhas políticas. Leia abaixo a entrevista com Renata Bonadia, consultora de mídias sociais.

Webturno: A internet e as redes sociais são capazes de influenciar no resultado de disputas políticas?

Renata Bonadia: Sim, não só é possível como já aconteceu. Algumas regiões tiveram uma virada incrível no resultado final devido ao trabalho ardo nas redes sociais. Posso citar o meu caso como exemplo. Mudei meu voto após ter conhecido melhor um dos candidatos por meio de comentários dos meus conhecidos nas redes: Facebook e Twitter. Votei em um partido que não conhecia com total convicção de que estava fazendo a melhor escolha para a presidência do país. Isso se deve à tecnologia que trouxe essa nova maneira de se comunicar.

W: Nas próximas eleições os candidatos e seus articulados devem estar preparados para utilizar a internet como elemento de divulgação de suas mensagens?

R.B: Com certeza. São 70 milhões de brasileiros online: a cada três, um está conectado. E a cada dia são 500 mil pessoas que se conectam na internet pela primeira vez. As pessoas já estão falando dos partidos e por isso eles devem sim se pronunciar, passar seu posicionamento com ética e respeito ao usuário.

W: Quais as vantagens e desvantagens das ferramentas disponíveis (Orkut, facebook, twitter...) no processo eleitoral?

R.B: Muitos partidos fizeram SPAM pensando que seria uma boa estratégia. Os usuários das redes os encaram como invasão ao seu espaço. A vantagem de viralizar uma informação está justamente da ideia de que as pessoas compartilham por simples e espontânea vontade – sempre que forem postadas informações válidas vou compartilhar com meus amigos e aí sim gerar multiplicação da informação de uma forma saudável.

W: Uma pesquisa realizada pelo DataSenado em outubro do ano passado mostrou que 46% dos entrevistados acreditavam que a vantagem da internet nas eleições seria a troca de informações e idéias entre candidatos e eleitores. Você acredita que isso se cumpriu como o esperado?

R.B: Sim, as pessoas discutiram muito sobre política nas vésperas e durante as eleições. A maioria das pessoas que acompanho nas redes sabia claramente o partido que mais agradava e os partidos sabiam qual campanha devia ser desenvolvida para determinado público alvo. Acredito que com o boom das mídias sociais isso só tende a crescer.

Renata Bonadia é Publicitária e Consultora em Novos Negócios em Mídias Sociais.

Siga no Twitter: @ReBonadia.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Redes sociais - ferramenta para garantir mais votos




Renata Rios


Um dos diferenciais das eleições 2010 é a tentativa de aproximação entre candidatos e eleitores através da internet. No Brasil, redes sociais como o Orkut e o Twitter ganham cada vez mais atenção dos partidos e cabos eleitorais e são vistos como uma ferramenta para garantir votos a mais.


No primeiro turno, por exemplo, fenômenos como o Twitaço realizado pela candidata Marina Silva alcançou milhares de eleitores e, segundo pesquisa realizada pelo Ibope, foi responsável pelo aumento de cerca de 2% dos votos de Marina. Ações como essa e os cerca de 20 milhões de votos conquistados fizeram da candidata o centro das atenções da mídia estrangeira.


Publicações renomadas como “El Mundo”, “El País”, “The Guardian” e “Financial Times” deram à Marina o título de vencedora nas eleições. O motivo para o reconhecimento foi o foco da candidata em questões ambientais e a ausência de provocações aos adversários durante sua campanha.


Resultados como esse nos fazem entender as mídias sociais como canais complementares poderosos que, se usados de forma combinada com canais de comunicação tradicionais podem, sim, fazer diferença no processo eleitoral.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

“Sem internet não haveria segundo turno”, concordam estrategistas de presidenciáveis

Os coordenadores das campanhas nas redes sociais de Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV), concordam que a web foi fundamental para levar o candidato José Serra (PSDB) e a petista ao segundo turno. Para eles, Marina Silva conseguiu mobilizar muitos eleitores na web.

“Sem a internet, não haveria segundo turno”, afirmou o jornalista Caio Túlio Costa, estrategista da campanha de Marina nas mídias sociais. De acordo com ele, a web ajudou a candidata do Partido Verde a conquistar grande parte dos seus 20 milhões de votos. O jornalista também criticou a imprensa que, segundo ele, menosprezou o poder da web nas eleições brasileiras.

Marcelo Branco, coordenador da campanha da presidente eleita Dilma Rousseff, também concorda. “A internet foi fundamental para o segundo turno, mas antes a grande mídia dizia que a internet não tinha servido de nada nas eleições”, disse durante o 4º Seminário Internacional de Jornalismo Online (MediaOn), nesta quarta-feira (10/11), em São Paulo.

Caio Túlio explicou que a campanha da senadora usou massificamente as redes sociais, com 12 frentes de atuação: blog, Twitter, site oficial, Facebook, Orkut, Youtube, Flickr, Social Game infantil, SEO, SRM, arrecadação online e monitoramento das redes socias. O Orkut era usado para manter contato com evangélicos, o Facebook com a classe intelectualizada e o Twitter com o público mais jovem.

Como resultado, a candidata do PV se destacou no final de setembro, a frente de Dilma e Serra em número de buscas do Google. A campanha online também arrecadou mais de R$ 170 mil em doações, ofertadas por 2.899 pessoas.

Fonte: Comunique-se

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Corrida final à Presidência é assistida e comentada por candidatos eliminados da disputa


Pedro Ribeiro

Diferente do que ocorria em eleições passadas, quando a internet ainda não era uma ferramenta cidadã de participação política, os candidatos eliminados na primeira votação simplesmente desapareciam dos debates no 2º turno.

No último domingo (10/10), foi diferente. Enquanto José Serra e Dilma Rousseff debatiam na TV, Plínio de Arruda Sampaio e Marina Silva usavam o twitter para dar sua opinião sobre a atuação de seus ex-adversários.

A terceira colocada na disputa presidencial criticou mais uma vez a postura de Dilma e Serra e questionou a discussão das propostas dos dois. “Quando vão descer do ringue e subir de vez no palanque”, escreveu a ex-ministra em seu microblog.

Já Plínio de Arruda, pediu aos tuiteiros sugestões para o posicionamento do partido. Em seguida, ofereceu um endereço de e-mail para quem quisesse continuar a conversa. Oito minutos depois, o candidato derrotado no primeiro turno disse já ter recebido ideias dos militantes. “Vou dar um ou dois dias para somar tudo. Contarei aqui como vai a discussão no PSol.”, afirmou o ex-candidato à Presidência.